MARCELO RUBENS PAIVA
A Força de Quem Transforma Tragédias em Resistência
Dois Livros, Dois Destinos
Entre livros, peças teatrais e roteiros de cinema, Marcelo Rubens Paiva, fez um link entre duas de suas obras: em Feliz Ano Velho, nos narra um acidente que mudou sua vida e o obrigou a reinventar sua trajetória. Uma pedra, um lago raso, um mergulho, uma quebra literal e figurativa. Não apenas a coluna, mas a visão de mundo, o ritmo da juventude, o curso dos dias. O que era leveza e promessa se tornou limite e recomeço. Entre as linhas, o humor ácido e a franqueza revelam a resiliência de alguém que, ao cair, aprende a se erguer de outras formas.
Décadas depois, Ainda Estou Aqui retoma a voz de Marcelo, mas desta vez a dor não é física. É a memória da ausência, da mãe que lutou contra a ditadura, perdeu o marido para a brutalidade do regime militar, mas manteve os filhos de pé - mesmo quando a vida insistia em puxar o tapete. Aqui, o tom é outro: ainda há leveza, mas misturada com a melancolia de revisitar as ruínas de uma família marcada pela história do Brasil. É um livro sobre resistência, sobre perdas que nos moldam e sobre o poder das mulheres que insistem em permanecer.
Ambos os livros dialogam entre si, como um espelho que reflete não apenas o indivíduo, mas também o contexto em que está inserido. Em Feliz Ano Velho, a tragédia é íntima e nos obriga a olhar para dentro; em Ainda Estou Aqui, ela se expande, abraça o coletivo, nos faz refletir sobre como o Brasil também quebrou — e insiste em se refazer.
Ler Marcelo é transitar entre o riso e o choro, entre o pessoal e o histórico. É perceber que a força humana está na capacidade de continuar. Mesmo após um mergulho mal calculado. Mesmo após uma ditadura que nos mutilou. Ele não apenas está aqui. Ele resiste. E, por isso, todos nós podemos seguir.
Obras
Nivaldo Gonçalves
VaRIEdades
Dr. Google e o Fantasma das Doenças Imaginárias
Era uma terça-feira comum quando Clara, 22 anos, sentiu uma leve dor no peito. Nada alarmante, mas o suficiente para ativar o instinto moderno de sobrevivência: pesquisar os sintomas no Google. Com o celular em mãos e uma xícara de chá ao lado, ela digitou "dor no peito + causas". O resultado?
Uma montanha de possibilidades que ia desde “ansiedade passageira” até “ataque cardíaco fulminante” e “tumor raro”. O chá esfriou, mas a mente de Clara fervilhava.
Nas horas seguintes, Clara se viu mergulhada em um labirinto digital. Cada clique era como abrir uma porta em uma casa assombrada, onde os fantasmas eram diagnósticos assustadores. Uma página dizia que era gastrite; outra, algo relacionado ao pulmão. E então, lá estava ele, o pior de todos: câncer.
A palavra ecoou na mente de Clara como um trovão em noite de tempestade.
Clara decidiu fazer uma lista com os sintomas que encontrou e, como em um quebra-cabeça macabro, tentou se encaixar em cada doença. A dor aumentava -não no peito, mas na ansiedade. E é aqui que mora o perigo. A busca incessante por respostas rápidas transforma dúvidas em medos, e a tela do celular vira uma lupa que distorce qualquer sinal do corpo.
No dia seguinte, Clara, exausta de sua investigação, decidiu ir ao médico. A consulta foi breve: “Isso é só estresse. Tome um tempo para você.” A prescrição era simples, mas Clara percebeu que o preço da sua ansiedade digital era alto.
O Dr. Google, aquele "médico" disponível 24 horas, pode parecer prático, mas é um portal para um universo de incertezas. Afinal, não se combate a paranoia com algoritmos. Às vezes, a cura está em algo tão analógico quanto uma conversa com um profissional humano.
Clara aprendeu isso da maneira difícil. E agora, quando sente algo estranho, fecha o navegador, respira fundo e lembra que a internet pode explicar o mundo, mas jamais substituirá o toque humano da medicina.
O calendário vira mais uma vez, e cá estamos: reflexivos, saudosos, mas, acima de tudo, sobreviventes. O passar dos anos tem essa magia inquietante de misturar alegria e dor em doses quase perfeitas. Há quem olhe para trás e veja conquistas; outros, apenas batalhas perdidas. Mas uma coisa é certa: o tempo não espera, e, ainda que a gente tropece, ele nos
arrasta para a próxima página.
"Dois mil vinte e qutro passou, mas eu não vou chorar." Não é uma frase de negação, tampouco um grito de resistência à emoção. É um manifesto de coragem, de quem entende que a vida é feita de altos e baixos, e que lágrimas já têm seu espaço reservado. Porém, neste momento, escolhemos outra
forma de olhar: com gratidão.
O que ficou para trás é aprendizado. As dores moldaram nossa força, os sorrisos aliviaram o peso do caminho. Talvez algumas metas não tenham sido alcançadas; tudo bem. Não estamos aqui para carregar a culpa do que não foi, mas para abraçar a possibilidade do que ainda pode ser.
Dois mil vinte e cinco se aproxima, trazendo consigo promessas e incertezas. E nós seguimos, não como espectadores, mas como protagonistas. Não vamos chorar, porque aprendemos que a vida é dura, mas nós somos mais. Não vamos lamentar, porque o tempo que temos é precioso demais para ser gasto com arrependimentos.
Então, celebremos!
Cada amanhecer é um presente, cada desafio, uma chance de crescer.
O passado nos fez quem somos; o futuro nos espera para sermos ainda melhores.
Dois mil vinte e quatro se passou, e seguimos aqui, fortes, resilientes e prontos para o que vier.
Porque, afinal, chorar é humano, mas seguir em frente é divino.
QUE VENHA 2025!
Nivaldo Gonçalves
ORAÇÃO MILAGROSA
Faça com muita fé,
várias vezes ao dia.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto em Vosso ventre, Jesus.
Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós, os pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
REGISTRO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS EM 2025
A partir de 2025, animais domésticos vão ganhar uma carteira de identidade nacional. O documento vai ajudar no controle de doenças e no combate aos maus-tratos. O sistema está em fase final de testes e deve ser liberado em janeiro. Para emitir a identidade, o tutor vai ter que acessar o sistema usando a conta gov.br. É preciso fornecer os dados do responsável, endereço, idade e raça do animal, histórico de doenças e vacinas. O cadastro vai gerar uma carteirinha com a foto do cachorro ou gato. E também um QR Code que pode ser impresso e preso na coleira. ONGs e municípios poderão fazer o cadastramento.
Segundo o governo, tudo de graça.
RIATROSPECTIVA 2024
Janeiro: O Ano Começa com Metas Surreais
Milhões prometeram "ir à academia todos os dias". Resultado: academia cheia na primeira semana e vazia na segunda. A maior lição? Nunca confie em promessas de Ano Novo!
Um influencer viralizou ao tentar surfar em uma banheira inflável puxada por um jet ski. Conclusão: não deu certo, mas rendeu boas risadas.
Fevereiro: O Mês do Carnaval e dos Memes
Foliões olteiros criaram o "Bloco dos Encalhados". O lema? "Antes só do que mal acompanhado e sem wi-fi. "Uma vaca fugiu de um desfile de carnaval em Olinda e virou sensação no TikTok. A "Vaquinha da Folia" ganhou mais seguidores que muitas celebridades.
Março: Tecnologia e Confusões
Inteligências artificiais começaram a dar dicas de paquera. Resultado: muitos matches, mas também algumas cantadas bizarras tipo "Você é um algoritmo? Porque mexeu com minha variável emocional.»
Um robô entregador de pizza foi sequestrado por um grupo de universitários famintos. Eles devolveram o robô intacto, mas só depois de comerem as pizzas.
Abril: Quando Até o Coelhinho Errou
Durante a Páscoa, uma marca de chocolates lançou ovos de "surpresa", mas as surpresas eram... pedras!
A empresa pediu desculpas e mandou chocolates extras para os azarados. Em uma pegadinha de 1º de abril, um político brasileiro prometeu que "dessa vez" iria cumprir todas as promessas de campanha. Spoiler: ninguém acreditou.
Maio: Moda do Inusitado
Crocs com LED e rodas embutidas foram lançados como "o futuro dos calçados". Quem usou caiu (literalmente), mas virou trend no Instagram. Influencers promoveram uma "dieta do café com glitter comestível". Resultado? Gente comendo brilho e perguntando por que não emagreceu.
Junho: Esportes e Gafes
Na Copa América, um jogador marcou um gol contra e comemorou achando que era a favor. Até o VAR ficou confuso. Durante um torneio de golfe, um cachorro invadiu o campo e roubou a bola de um dos jogadores. O vídeo foi mais visto que o próprio torneio.
Julho: Inverno, Mas Só No Papel
No Brasil, o inverno chegou... com temperaturas de 35°C. Redes sociais bombaram com memes tipo "Se isso é inverno, imagina o verão!" Uma live de um político discutindo mudanças climáticas foi interrompida por um gato que derrubou a câmera. O gato virou o herói da internet.
Agosto: Olimpíadas e Momentos Únicos
Durante os Jogos Olímpicos, um atleta viralizou ao escorregar na piscina e inventar um novo "estilo" de salto ornamental. Na maratona, um participante disfarçado de Pikachu correu mais rápido que muitos profissionais. Fica a dúvida: foi o treino ou a motivação de pegar um Pokémon raro?
Setembro: Gafe nas escolas
Professores viralizaram com memes sobre a volta às aulas, atrasado, tipo "Por que parece que eu ensino matemática e saio especialista em psicologia infantil?" Alunos inventaram a "técnica do cochilo invisível" nas aulas online. Não funcionou, mas fez o governo criar lei que proíbe celular nas escolas.
Outubro: Época das Assombrações
No Halloween, um rapaz vestido de múmia ficou preso no banheiro e teve que pedir ajuda no WhatsApp do condomínio. A mensagem? "Socorro, tô no 301 e meu papel higiênico virou fantasia." Empresas lançaram abóboras decoradas com LED controlado por app. Resultado: mais bugs tecnológicos do que sustos.
Novembro: Black Friday de Verdade?
Durante a Black Friday, uma loja lançou a promoção "50% de desconto nos preços aumentados em 200%". Consumidores deram risada, mas a loja vendeu tudo! Um delivery entregou TVs gigantes de graça por erro no sistema. O cliente mais rápido da história? Um gato que dormia na porta do caminhão.
Dezembro: Fim de Ano, Eita Ano!
Um Papai Noel ficou preso na chaminé durante um comercial ao vivo. O vídeo virou a retrospectiva da internet. Famílias tentaram usar IA para decorar suas ceias. Resultado? Árvore de Natal com papel higiênico e peru comestível com a cara de de tartaruga apaixonada.
PIADINHA DO TIOSÃO NA CEIA DO NATAL
É pá vê ou pá cumê?
Por que Minas Gerais não tem praia? Porque quando o primeiro mineiro foi abençoar as terras, ele disse:
livrai-nos do mar, amém.
Por que se deve pedir uma pessoa em namoro às 12:59?
Porque uma hora ela aceita.
O que a obra literária falou pro boleto?
Eu conto ou você conta?
Se um dia você ficar trancado do lado de fora, converse com a fechadura.
Pois, comunicação é a chave.
E as namoradinhas?
Se um vinho tinto se tornar um vinho branco ele morre na hora.
Porque agora ele será EX-TINTO.
Por que o Brasil era mais cheiroso em 1500?
Porque era uma colônia.
O que o cavalo disse ao desligar o telefone?
Foi só um trote.
Por que a lua não quis mais comer?
Porque ela estava cheia.
Vocês conhecem o site do cavalinho?
O www ponto cavalinho ponto com ponto com ponto com ponto com...
Já viu aquele telefone que fica no meio do mato?
O telegrama.
Sabe como se come macarrão parafuso?
Com chave de fenda.
Qual o tipo de cerveja dos vilões gaúchos?
A cerveja puro mal, Tchê.
Sobre a primeira piadinha: O tio do pavê não existe.
Pavê não tem tio, tem acento circunflexo.
População Brasileira
27/12/2024 - 13h49
FilosofRIA
"Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue.
Porque nem sempre existe palvaras pra dizer tudo"
Mario Quintana
E se, um dia, ou pode ser uma noite, você perceber, sentir, melhor dizendo, constatar que não existe nehuma esperança? E se você perceber que, realmente, não existe nenhuma saída? Nenhuma...nenhuma. Se, mesmo assim, você conseguir permanecer vivo, o primeiro passo terá sido dado. Essa é a verdade sobre a Vida, sobre a busca por um sentido. Quando você estiver em um buraco sem fundo, quando não aparecer ninguém para ajudá-lo de verdade, quando você perceber que todos estão torcendo pelo seu fracasso, pare! Respire! Você perceberá, então, que no meio dessa falta tão grande de solidariedade, Você ainda é!
Publicado na edição 329 - 21/01/2012
10 lugares onde você deve ficar quieto:
1. Fique quieto se não conseguir falar sem gritar.
2. Fique em silêncio no calor da raiva.
3. Fique em silêncio se suas palavras puderem ofender alguém.
4. Fique em silêncio se suas palavras puderem destruir uma amizade.
5. Fique em silêncio se o seu silêncio puder salvar links.
6. Fique em silêncio se não souber a história toda.
7. Fique em silêncio se falar servir apenas para aumentar o seu ego ou buscar validação.
8. Fique em silêncio se suas palavras puderem trair a confiança de alguém.
9. Fique em silêncio quando não tiver conhecimento sobre um assunto.
10. Fique em silêncio quando alguém compartilhar suas lutas ou vulnerabilidades pessoais.
Guimarães Rosa, in "Grande Sertão: Veredas"
"Viver é um descuido prosseguido".
Sigo à risca. Me descuido e vou...
Quebro a cara. Quebro o coração.
Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentidos.
Viver não é perigoso? Então, com sua licença!
Não tenho medo. Nasci assim.
Encantada pela vida. O sertão é dentro da gente.
Ah, como não? Aqui tudo é achado.
Somos ferro e fogo. Perigo nunca falta!
Sertão é igual coração.
Se quiser, que venha armado! Tudo é igual.
Aqui se vive. Aqui se morre. Dentro e fora da gente.
Confusão demais em grande demasiado sossego."
"A vida é assim: a gente escolhe um caminho na esperança de que ele vá nos conduzir a um lugar de alegria. Tolos pensamos que a alegria está ao final do caminho. E caminhamos distraídos, sem prestar atenção. Afinal de contas, caminho é só caminho, passagem, não é o ponto de chegada. Com frequência, a gente não chega lá, porque morre antes. Mas há uns poucos que chegam ao lugar sonhado – só para descobrir que a alegria não mora lá. Caminharam sem compreender que a alegria não se encontra ao final, mas às margens do caminho.»
Rubem Alves, in "Variações sobre o Prazer".